Resenha: Rota 66

ROTA 66: A HISTÓRIA DA POLÍCIA QUE MATA
BARCELLOS, Caco. Rota 66 – A história da polícia que mata. São Paulo: Editora
Globo, 1994.
Vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem e de mais oito prêmios na área de Direitos Humanos, o livro Rota 66 foi escrito pelo jornalista brasileiro Caco Barcellos e denuncia a atuação irregular das Rondas Ostensivas
Tobias de Aguiar (Rota) como “esquadrão da morte oficial” em São Paulo.
Fruto de um rigoroso processo de apuração jornalística que durou mais de cinco anos, a obra consiste em 274 páginas repletas de diálogos e cenas com tamanha riqueza de detalhes que impressionam o leitor e dinamizam a narrativa tornando a leitura mais leve apesar do conteúdo tratado. Esse tom fictício presente no livro concerne ao autor um caráter de onipresença e só foi possível graças ao relato das testemunhas e às pesquisas documentais realizadas por Caco.
O livro é dividido em 23 capítulos, organizados em três partes: Rota 66, Os
Matadores e Os Inocentes. Na primeira parte o autor faz uma descrição detalhada do fato que torna-se o fio condutor do livro, o caso Rota 66, narrando o desenrolar dos fatos desde ao momentos que antecederam a perseguição do dia 22 de abril de 1975 até o julgamento dos envolvidos anos depois.
Na segunda parte do livro, Os Matadores, a investigação desencadeada pelo caso Rota 66 leva o autor a um ranking com os dez maiores matadores da polícia militar da cidade de São Paulo, título vergonhoso que, contraditoriamente, conferem prestígio e posições de destaque dentro da corporação. Nessa parte, além do perfil dos matadores, Caco conta histórias aprofundadas de algumas das vítimas desses matadores. Em Os Inocentes, Caco contradiz a justificativa mais comum entre os líderes da polícia militar paulista de que os militares matavam bandidos, sobretudo, homicidas e estupradores ao comprovar através de dados que 65% das vítimas identificadas não tinham passagem pela polícia. Outra questão