RESENHA PRECONCEITOS NO COTIDIANO ESCOLAR

RESENHA PRECONCEITOS NO COTIDIANO ESCOLAR

Preconceitos no cotidiano escolar: ensino e medicalização faz parte de uma linha teórico-metodológica de pesquisa educacional que, a partir dos anos 80 vem se apoiando numa visão crítica de escola e numa metodologia etnográfica para desvendar o problema dos índices elevados de repetência e exclusão das crianças e adolescentes que frequentam a escola pública brasileira. O mérito deste livro é duplo. Em primeiro lugar, ele refirma conclusões de pesquisas anteriores, que mostraram que o processo de produção do fracasso escolar acontece no interior da escola e tem relação direta com sua estrutura e funcionamento; com suas práticas disciplinares e pedagógicas e as condições de trabalho do corpo docente; com a relação preconceituosa que os educadores geralmente estabelecem com as crianças e as famílias das classes populares.
Em segundo lugar, ele desmistifica explicações absurdas e arbitrárias do fracasso escolar que povoam o imaginário dos educadores, como “aneurisma”, “mancha no cérebro”,
“disritmia”, explicações essas que, na verdade, ocultam o desrespeito que marca a relação da escola pública com seus alunos pobres, este sim grande produtor de dificuldade ou de impossibilidade de escolarização dessas crianças. (PATTO, 1996).

ALGUMAS PALAVRAS INICIAIS
O projeto foi se delineando, na procura de uma práxis coerente com os pressupostos teóricos. Tarefa nada fácil para quem nasceu, cresceu e vive em um mundo dominado pelo consenso acerca de uma percepção funcionalista da sociedade. Para quem está cercado pela ciência de matriz positivista. Para quem, insatisfeito com o conformismo e o consenso, sabendo ser outra a sua concepção teórica, de mundo e de ciência, necessita de interlocutores. Com essas preocupações, e sabendo da necessidade de buscar o explicativo, em 1988 iniciou-se a parte empírica da pesquisa, entendendo o empírico como um passo inicial. O estudo tinha por objetivo aprofundar o