Resenha José Bonifácio
O documento a ser tratado, se divide em duas partes: abre com uma introdução geral, seguida de 32 artigos, nos quais indica desde prazo para o fim do comércio de africanos escravos e mecanismos para a abolição gradual da escravidão, até detalhes da reorganização da vida social, jurídica, econômica e familiar dos libertos. Na introdução deste projeto podemos encontrar o melhor de suas ideias sociais e políticas.
Já na introdução de sua "Representação à Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império", o deputado, qualificando-se como "cidadão livre e deputado da Nação", afirma serem os temas da escravidão e do indígena os mais importantes, além do da própria Constituição. E adverte que, resolvida a questão dos índios, anteriormente apresentada à Constituinte, "com o andar do tempo" serão inúteis os escravos. Ligava desse modo, um projeto ao outro. Fazia notar que, nesse trabalho, aproveitou-se de legislação dos dinamarqueses e espanhóis, e "mui principalmente da legislação de Moisés, que foi o único, entre os antigos, que se condoeu da sorte miserável dos escravos".
O Patriarca apresentara, anteriormente, projeto de lei regulamentando o comércio de escravos, e com isso já trombara com interesses poderosos. Agora, aprofundava a discussão ao propor a abolição do tráfico, a melhoria de vida dos cativos, o caminho para "a sua progressiva emancipação". Abriu a argumentação indignado com o fato de sermos "a única nação de sangue europeu que ainda comercia clara e publicamente escravos africanos", ressaltando o papel dos cristãos e filantropos que, na Inglaterra (seu modelo preferido), iniciaram o processo de abolição em suas colônias. E que, portanto, não arruinaram as colônias, nem o