Resenha Franz Boas

Otávio Augusto Alves Coelho

Resenha Franz Boas - Um Ano entre os Esquimós
Em seu texto “Um ano entre os esquimós”, Franz Boas, expoente da antropologia cultural americana, dá mais uma mostra do rompimento da antropologia cultural em relação à antropologia evolucionista a partir do final do século XIX. Em seu texto, o autor, já rompido com a tradição evolucionista realiza um estudo etnográfico sobre, como o título já diz, os esquimós, retratando a cultura desse povo por meio da descrição de suas lendas, contos, mito de criação, formas de caçar, cozinhar, se vestir e se locomover, seu comportamento, seus rituais e celebrações, procurando ser sempre o mais imparcial possível.
Ao longo de sua estadia com os esquimós, Boas procurou viver da maneira que eles viviam, comendo o que eles comiam, locomovendo-se como eles e participando de seus rituais e celebrações sem dar qualquer tipo de julgamento sobre um suposto atraso cultural e/ou racial dos povos ditos primitivos, como era comum serem chamados naquele momento.
Boas dá em seu texto especial importância sobre o mito de criação dos esquimós, pois segundo o autor não há melhor maneira de se conhecer um povo do que conhecendo suas lendas e contos. Nas palavras de Boas, “nada pode ser mais instrutivo para o viajante do que escutar canções e lendas do povo que deseja estudar”. As lendas e canções ajudam ao forasteiro a entender a realidade daquele povo e a sua visão sobre o mundo e, além do mais, por serem necessariamente didáticas, devido ao fato de terem por pretensão serem propagadas ao maior número possível de pessoas, principalmente as crianças, são fáceis de serem assimiladas.
O texto configura-se, portanto, como um exemplo de estudo etnográfico, deixando um forte legado para todas as gerações posteriores de antropólogos de como se deve fazer uma etnografia, sem preconceitos sobre o objeto de estudo, sem etnocentrismo, sem julgamentos morais sobre o comportamento do povo estudado e com riqueza de detalhes