resenha do livro

Mais um livro que minha condição de vestibulanda me obrigou a ler. Não sou uma aluna puxa-saco e nem metida a intelectual, mas algumas leituras obrigatórias me entediam e outras simplesmente me tocam. Lucíola me tocou profundamente.

Gosto de personagens profundas que se revelam no decorrer da história muito mais do que minha especulação pudesse alcançar. Lúcia é assim, aparentemente uma prostituta de luxo orgulhosa e caprichosa, capaz de encantar qualquer homem com sua sensualidade fora do comum, característica do romantismo.

Paulo narra em primeira pessoa seu romance com Lúcia e o desenrolar, ilustrando o cenário da época com todos seus costumes e regras sociais. Conhecendo melhor Lúcia, é impossível não se deixar cativar por sua segurança e dignidade, exibida sempre quando ela acaba sendo humilhada.

A leitura é rebuscada e exige atenção, mas é graças ao vocabulário e à sutileza com que José de Alencar apresenta os sentimentos e as transformações das personagens que é possível compreender e sentir junto com os protagonistas a intensidade de uma história de amor atípica.

Algumas frases me arrepiaram e outras parei para refletir, mesmo depois de fechar o livro. Obviamente, é uma realidade muito distante da que vivemos. Não sou ingênua de acreditar que aquilo existe, mas acho que é como qualquer outro livro de ficção. Ali está uma realidade diferente da que conheço, em todos os sentidos, principalmente na delicadeza para se tratar de algumas características humanas hoje tão banalizadas.

Recomendo, recomendo mesmo.
Não como uma leitura obrigatória, mas como uma reflexão sobre pequenas coisas que acabamos deixando pelo caminho devido à vida