Resenha do livro A cr tica da raz o indolente

2067 palavras 9 páginas
Resenha do livro A crítica da razão indolente, de Boaventura de Sousa Santos
Por que é tão difícil construir uma teoria crítica? Este é, para o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o problema mais intrigante vivido pelas ciências sociais hoje em dia. Afinal, pergunta ele, se vivemos num tempo em que não faltam situações ou condições que provocam desconforto ou indignação e nos despertam o inconformismo, por que esta dificuldade em construir uma teoria crítica, cujas fontes sempre foram o inconformismo e a indignação?
Boaventura dos Santos vai tentar responder a esta questão em A crítica da razão indolente, primeiro volume de sua obra Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática, composta por quatro volumes (A crítica a razão indolente, O direito da rua, Os trabalhos de Atlas, O milênio órfão). Publicado no Brasil em 2000 pela Cortez Editora, A crítica a razão indolente procura definir os parâmetros da transição paradigmática que, segundo o autor, estamos vivendo desde meados do século dezenove e que se define agora, no início do terceiro milênio, como a crise final do paradigma moderno. Neste volume, Sousa Santos realiza uma crítica do paradigma da modernidade e propõe um quadro teórico e analítico que permite pensar a modernidade fora dos cânones do paradigma dominante nos últimos 200 anos.
Distinguindo na transição paradigmática diversas dimensões que evoluem em ritmos desiguais, o autor destaca duas dimensões principais: a epistemológica e a societal. A transição epistemológica, diz ele, ocorre entre o paradigma dominante da ciência moderna e o paradigma emergente de “um conhecimento prudente para uma vida decente” (Santos, 2000:16). Já a transição societal ocorre do paradigma dominante – patriarcal, capitalista, excludente, autoritário, consumista, individualista – para um conjunto de paradigmas de que por enquanto não conhecemos senão as “vibrações ascendentes” (Santos, 2000:16).
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