Resenha do conto catar feijão
CATAR FEIJÃO
O trabalho e a Obra
O poema Catar Feijão faz parte do livro “A Educação pela pedra’, de João Cabral de Melo Neto de 1966. O poema de João Cabral é um exemplo de metapoesia, ou seja, a poesia falando de si, do fazer poético. O autor descreve em sua construção como chegar a um bom poema. Esse se apresenta em duas partes: na primeira estrofe, João compara a simples ação cotidiana de catar o feijão com a ação de escrever, a fim de que a compreensão de sua poesia seja fácil. Assim como “jogamos” todo o feijão na água para separar os grãos bons dos ruins, isso também acontece com o escrever, as palavras são lançadas no papel e posteriormente são “catadas”. Primeiramente os grãos são “separados” e depois “escolhidos”, e os de má qualidade ficarão na superfície. Mas, segundo o autor, também há o risco de uma pedra ou um grão imastigável permanecer no fundo. Esse mesmo risco corre as palavras. Mesmo depois de uma seleção rigorosa podem restar idéias ruins, ou incompreensíveis. E, esse ato de “escolher os grãos”, ou seja, escolher as palavras que dá sentido ao poema.
Outro aspecto existente no poema é a utilização da poesia por João para falar dos poetas de “inspiração” e “transpiração”. Esses estão descritos no artigo “Poesia e Composição”. Os poetas de inspiração são os que utilizam da poesia para transcrever experiências vividas. Esperam que o poema venha “pronto” apenas para ser transcrito. O poema é único, pois é garantido por um momento de “inspiração”. Já os de transpiração são desvinculados de emoções vividas. A obra é encarada com um trabalho em que o autor escolhe o tema e consegue escrever com beleza e qualidade. Assim, a relação de trabalho é apresentada na obra. No escolher das palavras, no filtrar. A poesia não vem pronta é trabalhada, manipulada para que o melhor seja extraído e assim ter um belo