Resenha de “Por Um Cinema Impuro” de André Bazin

297 palavras 2 páginas
“Por Um Cinema Impuro” de André Bazin

Este ensaio produzido na virada dos anos 50 por André Bazin se auto-intitula uma defesa da adaptação. Nele, são rebatidas críticas feitas a um cinema que estaria perdendo a sua pureza, procurando muletas dramatúrgicas na literatura e no teatro, tornando-se dependente e frágil. Após uma série de exemplos, comparações e analogias, o autor conclui que o estreitamento dos laços das diferentes artes, ao invés de enfraquecer, amadurece ambas, e que uma leva de adaptações cinematográficas infelizes não pode condenar esta prática, que de fato oferece um imenso potencial criativo.
À epoca da produção do texto, o cinema tinha somente 60 anos e ironicamente reinava solo como a grande arte popular. Hoje, outros 60 anos depois, ele já perdeu este lugar há algum tempo para a TV, os Video Games e a Internet, os quais por suas vezes já adaptaram e incorporaram muitas obras, maneiras de ver e estruturas de relato concebidas originalmente para o cinema. Paralelamente, o caminho inverso também já foi percorrido. Como o próprio Bazin anteviu, a influência recíproca entre as artes novas e “velhas” é um fenômeno implacável . Por fim, posso até dizer que em 2011 será difícil para algum crítico elaborar uma defesa à qualquer arte “pura”, pois a hibridização e a interdependência entre as formas já criou novos paradigmas de linguagem que sem dificuldade já iniciaram uma derrubada parcial dos limites que separam as diferentes artes. Não podemos mais ter a ingenuidade de tratar as diferentes áreas do conhecimento artístico como entidades herméticas e auto-reguladas. A arte é cada vez mais vista como um tipo de hiper-texto, onde é possível não só a adaptação de elementos, mas a incorporação integral de estímulos de diferentes naturezas dentro de uma mesma experiência estética.

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