Resenha - Cidade Partida
VENTURA, Zuenir. Cidade partida. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1994.
O livro Cidade Partida divide-se em curtos capítulos, não necessariamente interligados ao máximo, pois é possível a leitura de alguns deles com total compreensão. Trata-se se um livro que mostra a realidade da comunidade de Vigário Geral. Não só, como, mais indiretamente, retrata também a realidade do Rio de Janeiro. Cidade partida, então, se prova ser uma analogia para divisão existente na cidade entre morro e asfalto nos anos dourados – e, na realidade, até hoje.
O capítulo estudado, Vigário In Concert Geral, aborda uma visita a essa comunidade, uma das muitas que o autor fez ao local, sendo ele um dos grandes “heróis” da resposta dos civis à violência. Também a reação dos moradores após uma recente chacina ocorrida, a ação dos PMs e o que esse ambiente passa a quem vem de fora.
No capítulo, que é o primeiro da segunda parte do livro, é nítida e gritante a diferença entre as classes, estando a comunidade – com raras exceções de uma pessoa ou outra – concentrada na mais baixa delas. Lá, expostos, os moradores até mesmo contam com o auxílio do tráfico, como se faz notar em um momento no qual os PMs resolvem agredir um morador durante a noite.
A polícia militar – ou alguns deles, específicos –, no caso, representam um poder opressor, tanto por controlarem o armamento e poderem usufruir do mesmo legalmente, representando a lei, quanto por estarem em uma classe superior, utilizando-se de uma relação de hierarquia ideológica.
A crítica que o livro carrega, em parte diretamente, mas também indiretamente, é a atrocidade que está presente em cada momento. O preconceito, o sofrimento. Tudo isso, não só se referindo a essa comunidade em específico. Nas próprias palavras de Ventura, “Vigário Geral é uma metonímia do Rio, assim como o Rio é a parte que pode ser tomada pelo todo chamado Brasil”. O que se conhece como metonímia é a substituição de um