Resenha "Abril Despedaçado"

Resenha crítica “Abril Despedaçado” Abril Despedaçado é um filme suíço-franco-brasileiro de 2001, dirigido por Walter Salles e baseado no romance Prilli i Thyer de Ismail Kadare, adaptado por Karim Aïnouz. Em abril de 1910, na geografia desértica do sertão brasileiro vive Tonho (Rodrigo Santoro) e sua família. Tonho vive atualmente uma grande dúvida, pois ao mesmo tempo que é obrigado por seu pai (José Dumont) a vingar a morte de seu irmão mais velho, assassinado por uma família rival, sabe que caso se vingue será perseguido e terá pouco tempo de vida. Angustiado pela perspectiva da morte, Tonho passa então a questionar a lógica da violência e da tradição.
Em um período da República Velha onde se nota a nítida ausência da garantia de direitos se tornam um campo fértil para que aqueles que possuem um maior poderio econômico e político exerçam um determinado controle social sobre aquela determinada comunidade. São traços do antigo coronelismo que imperou no Brasil durante um longo período de nossa história. Essa realidade é de herança do coronelismo brasileiro, em que alguns coronéis possuíam extremo poder em certos lugares (poder advindo, principalmente, da posse da terra), e ditavam a política, a moral, o certo e o errado, agindo, na maioria das vezes, totalmente na contramão dos valores éticos. E é exatamente sobre tal fato que o filme dirigido por Walter Salles retrata. É possível perceber a estrutura familiar, organizada de maneira autossuficiente. A base de uma estrutura que não é gerada pela sociedade, mas sim, irá cria-la seguindo seus devidos parâmetros. No caso da formação da sociedade brasileira, a supremacia do dever de vingar a morte de seu parente está ligada a inexistência ou a precária existência do poder estatal nestes locais. O Estado não consegui entrar nesses lugares e devido a isso ocorre uma espécie de “terra de ninguém” onde o que impera é o modo truculento e violento pelos quais as