Resehamey

560 palavras 3 páginas
Editora: Record
Autora: Janne Teller
Páginas: 128

Nada (Record, 2013), de Janne Teller, me pegou despreparado. Eu não imaginava que esse livro pudesse me envolver tanto ou que me lançaria inesperadamente em uma montanha russa colossal e alucinante, construída em cima de sentimentos conflituosos, que me fizeram provar desde à indigestão ao desconcerto extremo, do assombro ao maravilhamento, da inquietação à insônia, da repulsa à simpatia. Li de uma só vez, embasbacado, uma dor ardente no rosto (como a dor de um tapa), um aperto no coração e o estômago embrulhado — revirando-se —, tão surreal e tão absurdamente real a história me pareceu.
Quando Pierre Anthon percebe que não há sentido algum na vida, e que viver é uma perda de tempo, ele abandona sua turma da sétima série da escola Taering, sobe em uma ameixeira e permanece lá. Seus colegas de classe não conseguem fazê-lo descer da árvore, nem mesmo quando tentam derrubá-lo com pedras. Então, para provarem à Pierre que a vida possui sentido, que a vida possui significado, as crianças decidem ir em busca das coisas que lhe são importantes e começam a criar uma pilha de significados. No entanto, ao passo em que a pilha inicia-se com objetos superficiais — como um par de sapatos e uma vara de pescar —, à medida em que o tempo passa os sacrifícios tornam-se mais extremos e mais macabros. A tentativa desesperada das crianças de mostrarem para Pierre suas crenças nos significados e trazerem-no para baixo acaba saindo totalmente do controle; transformando-os forte, violenta e irreparavelmente.
Contado em primeira pessoa pela perspectiva de Agnes, uma das garotas da turma de Pierre, Nada avança rapidamente; talvez porque Teller narra tudo na forma de uma reação em cadeia, como num efeito dominó. A escrita de Janne possui um tom ágil e há quase que uma imprevisibilidade inata, já que — ao menos para mim — foi impossível antever quaisquer das situações vivenciadas. Além disso, a autora trabalha com um quê de minimalismo e

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