Representa es sobre amor e sexo entre um grupo de pessoas que se autodenominam assexuais

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Representações sobre amor e sexo entre um grupo de pessoas que se autodenominam assexuais
Jéssica Iara Silva*

Introdução

O tema da assexualidade recentemente tem ganhado visibilidade devido ao surgimento de grupos de “assexuais” nos Estados Unidos e no Canadá1. Embora pesquisadores em sexualidade humana como Alfred Kinsey tenham mencionado a assexualidade, o primeiro grande estudo dedicado exclusivamente ao tema foi publicado em 1983 por Paula Nurius, Mental Health Implications of Sexual Orientation. A assexualidade é vista em grande parte do discurso médico como um transtorno de causas psicológicas, hormonais ou físicas, e que muito se baseia na ideia de que o sexo tem como função a reprodução e a propagação da espécie. Esse discurso reforça a ideia de que a heterossexualidade é a única condição “normal”, renegando outras possibilidades de condutas e identidades sexuais.
A assexualidade é um tema quase inexplorado pelas Ciências Sociais, se destacando trabalhos como os de Anthony F. Bogaert, que escreveu o livro “Understanding Asexuality” (2012) e Lori Brotto que publicou o artigo “Asexuality: A Mixed-Methods Approach” (2008). No Brasil há duas teses de doutorado em curso, de Elisabete de Oliveira (Educação/USP) com o título "Minha vida de ameba: experiências de jovens assexuais na sociedade do desejo sexual compulsório”, e o Mauro Brigeiro doutorando em Antropologia Social (IFCH/Unicamp) que também é autor do artigo “A emergência da assexualidade: notas sobre politica sexual, ethos cientifico e o desinteresse pelo sexo” (Agosto 2013) na Revista Latino Americana Sexualidad, Salud y Sociedad. O objetivo deste trabalho é analisar os discursos sobre amor e sexo de pessoas que se identificam como assexuais2 no Brasil. Para tanto, pesquisamos uma das comunidades virtuais, “Assexuados do Orkut”. Nesta comunidade, os sujeitos narram o momento pelo qual descobriram o termo “assexual”, e como essa identificação mudou suas vidas, se sentindo livres da “pressão” de

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