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Sofrimento na estrada em busca de um sonho dourado
Jovens, idosos, desempregados e peões se expõem a todo tipo de riscos para garimpar às margens do rio Juma, em Apuí
Apuí, 09 de Janeiro de 2007
LEANDRO PRAZERES

Comerciante exibe as várias pepitas de ouro compradas por ele, que foram vendidas pelos garimpeiros que exploram a região do Rio Juma, no sul do Amazonas (Clóvis Miranda)
Os caminhos que levam homens e mulheres ao sonho do “Eldorado do Juma” são longos e perigosos. Eles se aventuram na caçamba de caminhonetes e saem de toda Amazônia em direção ao garimpo descoberto há cerca de 45 dias nas margens do rio Juma, município de Apuí. A reportagem de A CRÍTICA acompanhou a trajetória de 11 “peões” que deixaram suas famílias em busca do sonho dourado.
Os onze garimpeiros se encontraram em Humaitá (a 600 quilômetros de Manaus) e de lá partiram amontoados na caçamba de uma caminhonete. No grupo, há jovens como Raimundo das Neves, de 21 anos de idade, que desde os 16 trabalha em garimpos, e idosos como o agricultor Manoel Lopes, de 74 anos, que deixou esposa, filhos e netos para tentar a sorte. A notícia do ouro farto no município vizinho fez com que boa parte dos desempregados e trabalhadores pobres de Humaitá rumassem para Apuí.
Diariamente, caminhonetes lotadas deixam o município. A viagem entre Humaitá e Apuí é de 400 quilômetros, mas o trajeto, que em uma estrada bem conservada seria de cinco horas, pela BR-230, a Transamazônica, levou 19 horas (das 14h30 de domingo às 9h30 de segunda-feira). A rodovia mais parece um ramal (estrada vicinal) de barro, totalmente esburacada.
Perigo
Manoel Lopes se segura a uma corda e agüenta os solavancos da caminhonete Mercedes Benz. “A vida é muito dura para a gente. Recebo um salário de aposentadoria e estou indo para o garimpo tentar melhorar as condições da minha família”, afirma. Uma legião de ex-garimpeiros de Rondônia e do Pará está rumando para o “Eldorado” amazonense. O garimpeiro e ex-peão de rodeios Adenir