Relatório do Filme Sobral

O filme, dirigido por Paula Fiuza – neta de Sobral, enfoca a vida do jurista Sobral Pinto (1893-1991), que ganhou destaque ao lutar contra as injustiças e defender a democracia, mesmo em um dos períodos mais obscuros da história do Brasil, a ditadura militar. Em 1999, um jovem advogado tem acesso a arquivos secretos de áudio do Superior Tribunal Militar que registram impressionantes defesas de presos políticos na ditadura pós-64. A voz que mais se ouve nas gravações é a de Sobral Pinto. O documentário reúne depoimentos e imagens de arquivo, mostrando a trajetória do advogado e ressaltando a importância de seu trabalho na defesa da justiça e dos direitos humanos.
O que mais chama atenção tanto para quem já conhecia Sobral Pinto, quanto para quem o conheceu a patir do documentário, é a ousadia e o sempre bom humor do mesmo. Heráclito Fontoura Sobral Pinto ousou ao desafiar a ditadura militar ao levar milhares de pessoas ao delírio ao subir no palanque das Diretas Já, aos 90 anos, lembrando ao Brasil o artigo primeiro da Constituição Federal que “Todo poder emana do povo” e em seu nome deve ser exercido. Ousou quando preso ao discursar dentro das prisões para os presos contra o governo ditatorial. Rejeitou a indicação ao STF por JK.
Apesar da idade, Sobral sempre viveu intensamente e veemente tudo aquilo que acreditava, prova disso é quando deu uma entrevista para Guilherme Fiuza aos 90 anos, em que, mesmo depois de 20 anos, ao contar os fatos na entrevista, se manifestou de forma tão contundente que chutou o ar e o chinelo passou por cima de Fiuza, seu neto. Guilherme Fiuza relata também que Sobral conheceu um mundo organizado juridicamente antes da 1ª Guerra, depois a força e a violência passaram a comandar, contudo as pessoas deveriam lutar para que o diretio voltasse a ser gerir a realidade como antes da 1ª Guerra. Assim Sobral afirma: Eu conheci este mundo e, se conheci, ele pode voltar a ser como antes.
Sobral foi homem, foi humano, foi real e cometeu