Relatorioa de peadagogia

7583 palavras 31 páginas
ALBERTI, Verena ; PEREIRA, Amilcar Araujo. Movimento negro e "democracia racial " no Brasil: entrevistas com lideranças do movimento negro. Rio de Janeiro : CPDOC, 2005. 15f.

Movimento negro e “democracia racial” no Brasil: entrevistas com lideranças do movimento negro *
Verena Alberti e Amilcar Araujo Pereira**

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 45% da população brasileira (cerca de 80 milhões) é composta de negros (pretos e pardos). Sua distribuição entre as diferentes camadas sociais, contudo, está longe de ser equilibrada: entre os 10% mais pobres da população brasileira, 70% são negros, e entre o 1% mais rico, apenas 8% são negros.1 Essa desigualdade tem implicações importantes para se pensar a questão racial no Brasil.
O racismo no Brasil guarda especificidades em relação a outros países, como a África do Sul e os Estados Unidos, por exemplo. Isso faz com que o movimento negro no Brasil também seja específico, embora tenha recebido influências das lutas pela libertação nos países africanos e pelos direitos civis nos EUA. O grande desafio do movimento negro brasileiro, especialmente a partir da década de 1970, foi enfrentar o “mito da democracia racial”, que ganhou força principalmente após a publicação do clássico Casa grande & senzala, de Gilberto Freyre, em 1933. Segundo esse mito, as relações de raça no Brasil seriam harmoniosas e a miscigenação seria a contribuição brasileira à civilização do planeta. Seguindo essa linha de pensamento, como não haveria preconceito de raça no Brasil, o atraso social do negro dever-se-ia exclusivamente à escravidão (e não ao racismo).
Completa esse argumento o fato de as Constituições brasileiras elaboradas a partir da abolição da escravidão nunca terem diferenciado os cidadãos por raça ou cor, ao contrário do que acontecia nos

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Trabalho apresentado no painel “Movimento negro e democracia racial no

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