relatorio
A existência de uma mulher, que cresceu e viveu sempre isolada, sem qualquer contato com outra pessoa que não a sua mãe. De forma ela não foi socializada a partir da infância, como acontece com as crianças que vivem em sociedade, uma vez que foi levada a adaptar um modo de vida afastada da mesma e dos seus benefícios convenientes, sem aquilo que todos aceitam como fundamental “água canalizada, luz elétrica e outros benefícios”, sem agentes de socialização que a levassem a adaptar os comportamentos padronizados reconhecidos e aceitos pela sociedade. A revelação do modo de vida de Nell e sua mãe provocaram assim a curiosidade das pessoas, levando as a quererem estudá-la, como se tratasse de uma pessoa simples cobaia de laboratório ou ate mesmo socializá-la a força. Uma vez que a criança ao nascer é um ser não cultural, pois a cultura não depende da herança biológica, a Nell era um ser praticamente culturalmente em branco. somente aquilo que a sua mãe (único agente de socialização) lhe tinha transmitido. O fato de o comportamento de Nell não ser instintivo, mas antes o resultado daquilo que a mãe lhe tinha ensinado – como o costume de ficar parada nas pedras em cima do rio a fazer movimentos “pouco normais”, vem comprovar que o comportamento individual não é instintivo, mas sim o produto da socialização a que somos sujeitos e através da qual aprendemos os comportamentos padronizados associados aos papéis sociais que poderemos eventualmente desempenhar, e que fazem com que os nossos comportamentos sejam sempre, ainda que de forma inconsciente, comportamentos sociais.
Sendo a linguagem um dos constituintes da cultura, e um dos principais meios da sua transmissão, o fato da Nell ter aprendido a linguagem distorcida da mãe, e de ter comportamentos que não eram considerados como próprios pelas outras pessoas, fazia com que ela fosse vista pelas mesmas como uma selvagem, uma verdadeira “estranha”, pois não a identificam com os valores, normas e