Relação professor-aluno
Mário Cabral dos Santos
1. INTRODUÇÃO
O processo educativo se constitui como mediador na circulação, transmissão, manutenção e reinvenção dos elementos da cultura, tanto em sua dimensão informal quanto formal. Para que esse aprendizado seja efetivo, as relações interpessoais, o respeito mútuo, o diálogo, o saber ouvir, entre outros, tornam-se primordiais.
Segundo Suhr (2010, p. 20), nos diferentes níveis de ensino, da educação infantil ao ensino superior, as relações interpessoais estão presentes na vida escolar e se constroem de diferentes formas, de acordo com os diversos elementos que constituem a organização escolar: conteúdos, metodologia, currículo, concepção de educação e outros.
Dessa forma, o necessário respeito ao universo do educando, às vivências singulares (educando e educador) em seu processo de vida e, principalmente, do primordial princípio dialógico como fundamento de vivências democráticas. Sobre o fundamental respeito ao universo do educando, sua singularidade e sua cultura, seu saber e sua leitura de mundo:
Não é possível respeito aos educandos, à sua dignidade, a seu ser formando-se, à sua identidade fazendo-se, se não se levam em consideração as condições em que eles vêm existindo, se não se reconhece a importância dos “conhecimentos de experiência feitos” com que chegam à escola. O respeito devido à dignidade não me permite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo para a escola. (FREIRE, 2003, p. 64, Apud Neves, 2009)
Nesse sentido, Paulo Freire enfatiza o processo educativo, em si mesmo, como encontro de diferentes que mutuamente ensinam e aprendem num espaço dialógico, em que saberes distintos e necessários circulam, revelando a incompletude do olhar, o inacabamento e a condição de aprendizes que nos constitui como dado original primário.
Neste conjunto de reflexões, saber ouvir é uma capacidade