Reforma psiquiatrica resumo de artigos

A ciência iluminista impôs a razão como padrão de pensamento do século XVIII, empurrando para o subsolo intelectual tudo aquilo que não fosse “científico”. Formas não-científicas de medicina, encontradas em outras culturas, como a de tribos africanas ou asiáticas, passam a ser contestadas por metodologias e métodos fundamentados nos conceitos de objetividade e realidade. No final do século XVIII, a “loucura” passa a receber um tratamento exclusivamente médico, e não mais como uma desrazão que deve ser reprimida violentamente. A partir daí, a psiquiatria toma a frente no tratamento dispensado aos doentes. A assistência médica torna-se um direito, ao contrário do espaço social, que continua fora do alcance dos enfermos. Os hospitais psiquiátricos passam a substituir as correntes e grades que aprisionavam o indivíduo, mas não deixam de ser uma forma de privação da liberdade.

É na Itália, porém, que são solidificados os alicerces da reforma psiquiátrica, ainda nos anos 1960. Coloca-se um olhar sistêmico sobre os transtornos mentais, vinculando-os a fatores familiares, sociais e da própria condição humana. Portanto, se as origens estão fora da instituição, o movimento ideal deve ser no sentido da desinstitucionalização. Naquela época, o psiquiatra italiano Franco Basaglia dirigia o Hospital de Gorizia, onde já observava a inviabilidade do modelo manicomial, mas encontrava forte resistência para mudanças. A internação só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes, e que a finalidade do tratamento deve ser a reinserção social do paciente em seu meio. Internação psiquiátrica não é amaldiçoada, mas se torna apenas umas das vias possíveis, em casos agudos, sob orientação médica e em leitos de hospitais gerais. A reforma psiquiátrica, dentre tantos anos ganhando forças, acompanhou o surgimento dos CAPS, que são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. O principal critério para o planejamento