REFLEXÕES SOBRE UMA CLÍNICA DA TORTURA

2121 palavras 9 páginas
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ MESTRADO EM LETRAS
DISCIPLINA: Literatura e memória
PROFESSOR: Fabricio Flores Fernandes

VIÑAR, Maren; VIÑAR, Marcelo e BLEGER, Leopoldo. Reflexões sobre uma clínica de tortura. In – VIÑAR, Maren & VIÑAR, Marcelo. Exílio e tortura. São Paulo: Escuta, 1992.

Francisco Adelino de Sousa Frazão1

O texto inicia questionando a possibilidade de conceituar precisamente a tortura, ao mesmo tempo em que afirma que entre o objeto e sua representação (no caso, textual), há sempre uma distância. Neste sentido, os autores refletem que somente falar de tortura e de suas consequências aparentes, não no leva ao entendimento preciso da realidade deste tipo de violência. (VIÑAR, VIÑAR & BLEGER, 1992, p. 133).
A omissão da sociedade faz com que o testemunho do horror seja desacreditado, calado e perdido no decorrer do desenvolvimento da História. Ao longo dos tempos, a tortura sempre aparece em vários tipos de discurso, como o político, o religioso, o ideológico, e ao analisarmos a tortura devemos levar em consideração o contexto político, econômico e social onde esta prática se desenvolveu, pois, sua forma e significados dependem das relações de poder do contexto onde ela foi aplicada. (Idem, p. 133-134).
A partir dos anos 60 na América Latina, os regimes ditatoriais assumiram um caráter altamente racional de repressão, de organização política e social onde as forças armadas assumiram papel principal no seu modo de governo, e a tortura funcionou como ferramenta primordial na manutenção do poder das ditaduras. Nesta perspectiva, a repressão política e social da América Latina, chamada “doutrina da Segurança Nacional”, gerou uma revolução ou guerra interna, pois a ideologia desta doutrina era a de reduzir os discursos a um só, tendo como pretexto o estabelecimento, ou manutenção, de uma unidade social.

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