redes e cooperação
AVANÇOS E LIMITES.
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar algumas considerações sobre os efeitos do Programa de transferência de renda Bolsa Família na resolução do problema da pobreza e da desigualdade social no Brasil. Para tanto, utilizo-me de uma pesquisa etnográfica desenvolvida desde 2007 com beneficiários do programa em duas cidades distintas – São
Paulo e São Carlos (interior do Estado de SP), com o intuito de realizar um estudo comparativo entre moradores da região do M’Boi Mirim, composta pelos Distritos do Jd. Ângela e Jd. São
Luís, situados na Zona Sul de São Paulo; e moradores da maior zona periférica da cidade de
São Carlos – a Cidade Aracy. Busco, com isso, apreender as diferenças (e semelhanças) de impacto do Programa Bolsa Família na condição de vida e bem-estar dos beneficiários, focando a análise, no entanto, no alívio e combate da pobreza e/ou miséria entre populações consideradas pobres pelo Estado.
PALAVRAS-CHAVE: Pobreza; Renda; Bolsa Família; Queda da Desigualdade Social.
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INTRODUÇÃO
Desde sua criação, em 2003, o Programa Bolsa Família (PBF) tem suscitado uma série de estudos por acadêmicos e técnicos do governo1 preocupados em avaliar essa política pública que, em cinco anos de existência, transformou-se na principal política social de combate à pobreza e desigualdade do Brasil. Destacam-se como objetos de estudo: o cumprimento de seus objetivos e condicionalidades; apurações de irregularidades; a relação entre escolaridade e benefícios; a existência de possíveis estímulos e/ou perversidades gerados pela transferência de renda a famílias beneficiárias e, principalmente, sua eficácia na redução da pobreza.
De um modo geral, o programa tem se destacado positivamente2, principalmente no tocante à renda e ao impacto no movimento de combate à pobreza e à desigualdade social: dados coletados pelo IPEA apontam, entre os anos de 2001 e 2005, uma queda de 4,6%