Recensão crítica de Rui Knopfli

319 palavras 2 páginas
Recensão crítica
Rui Knopfli, poeta moçambicano, nasceu em 1932, em Inhambane, Moçambique, e faleceu em 1997, em Lisboa, Portugal. Filho de pais portugueses, pai funcionário público e mãe professora, estudou no liceu em Moçambique e completou os seus estudos em Johanesburgo, onde conheceu a obra de poetas de língua inglesa que teriam bastante importância na sua própria obra. Além de poeta, também foi jornalista e crítico literário.
Desde finais dos anos 50, desenvolveu uma sólida obra poética que foi bastante associada às correntes literárias europeias devido as suas tradições poéticas e culturais ocidentais e pela falta de afirmação de pertença a um espaço nacional-moçambicano enquanto Moçambique atravessava a sua Guerra de Libertação. Os grupos étnicos (portugueses, indianos e ingleses) que existiam em Moçambique juntaram-se com um único propósito: movimento de libertação contra os portugueses.
Knopfli assumiu, na poesia, uma hesitação de identidade ou, talvez melhor, uma aguda consciência de divisão interior entre dois mundos, devido ao facto de ser moçambicano e filho de pais portugueses. Devido à sua identidade, o poeta mantinha uma neutralidade em relação aos conflitos políticos: “De um lado o teu dedo indicador,/de outro a minha assumida neutralidade” (KNOPFLI, Mangas Verdes com Sal, 1969).
Contudo, manteve a simpatia pela miséria e sofrimento dos outros. Num prefácio ao livro A ilha de Próspero (1972), o poeta escreve: “Filho de pai alentejano e de mãe serrana, nascido na cidadezinha provinciana de Inhambane, o autor não ignora, nem esconde, a sua origem «pied noir» …” (KNOPFLI, 1972, p.123-124). Poemas como «Naturalidade», «Auto-retrato», «Cântico negro», «Hereditariedade», «If», «O preto no branco», «Disparates seus no Índico», «Proposição», «Pátria» e «O cão do Nilo» apresentam precisamente o questionar da identidade humana e poética, do posicionamento perante os outros, o mundo e as origens.

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