Realtorio Filme Companheiros

O filme retrata fielmente o começo da percepção da exploração trabalhista pelos próprios operários italianos. Uma vez instigados por um professor, foragido de Gênova, conhecedor e simpatizador de outras revoluções operárias, os trabalhadores passam a contestar suas jornadas de trabalho, suas condições de vida, os maus tratos sofridos e a intensa exploração sofrida a troco de uma miséria salarial. No decorrer da história, a grande maioria consegue se unir e se organizar ao ponto de criarem um comitê que representará todos os operários para com seus interesses, o que mais tarde seriam chamados de sindicatos. Considerando tais aspectos, o verdadeiro ponto reflexivo se volta na indignação por parte dos operários para com o trabalho excessivo, a miséria e a fome, a falta de condições adequadas e necessárias a um trabalho digno em contraposição ao enriquecimento de seus empregadores, trazendo uma exorbitante desigualdade social. No ápice da trama, o instigador da revolução se volta aos seus companheiros que já não suportam mais as condições às quais se submeteram em detrimento da greve, e os motiva com um discurso persuasivo baseado no que era deles por direito e por conquista de seu suor. Assim, numa impetuosa tentativa de invasão à fábrica onde trabalhavam, o jovem Homero é atingido no confronto, resultando numa morte, por hora em vão, mas que futuramente perduraria nas lembranças da sociedade que vivia à margem da miséria e da desilusão. Dessa forma, o filme representa um ponto crucial para a revolução dos direitos trabalhistas, humanos e, consequentemente, dos direitos fundamentais relacionados ao princípio da dignidade da pessoa humana.

De Marcos Eglon