Ratzel e o solo
I) Solo e sociedade: O desenvolvimento de grupos, como a tribo, a família, a comuna, que não são unidades políticas autônomas não pode ser compreendido senão com respeito ao seu solo; assim como o progresso do Estado é ininteligível se não estiver relacionado com o progresso do domínio político.
O papel do solo aparece com mais evidência na história dos Estados que na história das sociedades, e isso seria devido aos espaços mais consideráveis de que Estado tem necessidade.
Um povo regride quando perde território. Se seu território se reduz, é, de uma maneira geral, o começo do fim.
II) Habitação e alimentação: a relação da sociedade com o solo permanece sempre condicionada, por uma dupla necessidade: a da habitação e da alimentação.
Quanto à capacidade dos nômades em criar Estados, pode-se ver quanto ela é grande pela história das sociedades sedentárias que se encontram rodeadas por tribos nômades; quando os Estados das primeiras decaem, são justamente os nômades vizinhos que introduzem uma nova vida da qual resultam novos Estados. Indagou-se se os nômades valorizam o solo que ocupam e, consequentemente, se eles o delimitam. Mas hoje, tal fato é indubitável: o território da Mongólia é tão delimitado e dividido quanto o da Arábia.
De resto, não é entre os pastores nômades que a ligação com o solo está em seu mínimo; com efeito eles retornam sempre às mesmas pastagens. Ela é muito mais fraca entre os agricultores da África tropical e das Américas que, a cada dois anos aproximadamente, deixam seus campos de milho ou mandioca para a eles nunca mais retornar. O tempo de permanência dos estabelecimentos em um mesmo local varia igualmente segundo as fontes da alimentação fluam de uma maneira durável ou se esgotem ao fim de certo tempo.
A defesa do território é responsabilidade do Estado. O seu crescimento é decorrente do comércio pacífico, porque ele tende finalmente a fortalecer o Estado e a fazer recuar os