Rascunhos

Às vezes penso que nada é mais excitante que o acaso. Por isso, o sexo casual vem ganhando tantos praticantes. Nunca fui do tipo pegador, o que faz da noite de 21 de dezembro ainda mais surpreendente. Vários dias me programando para ir ao show que tinha certeza que seria muito bom. Tudo normal na programação, exceto o fato que tinha bebido antes de ir e o amigo da rodada não iria dirigir. Não tive opções fui dirigindo na raça. Não há barreiras para quem está indo.
Exceto a fila para entrar. Lenta, organizada, burocrática. Alguns minutos perdidos ouvindo longas histórias do sem-fim. Entrei. Lugar quente, embaraçado, desnovelado. Ali não estavam simples pessoas simples. Não me interessavam tantos humanos e suas humanícies. Estava ali pela arte. E os próximos instantes seriam definidores para uma noite artística.
Reconheci um rosto amigo que jogava sinuca. Como já tinha bebido, recomecei. Era para ser apenas uma cerveja. Era. Mas não era para ela. Meu grande feito foi olhar diretamente em seus olhos e pensar o que eu faria numa noite com ela. Eu sei que ela entendeu. Ela retribui meu tímido de sorriso que foi dado mais pelo pensamento do que para cumprimento. Entramos no jogo. Convidei para me acompanhar num drink, ela aceitou como quem aceita um desafio. Eu não sabia mas essa era a essência dela. E isso iria me deixar feliz pra caralho. Ela me apresentou a sua amiga, que não estava disposta a entrar em nenhum jogo. Não inicialmente. Drink tomado, amiga conhecida.
Em noites normais até penso em sair e conseguir sexo. Mas esta noite eu queria arte, música, psicodelia. Magia e o lado escuro da lua. Tive tudo isso e nem sei se sou merecedor, sempre fui um cretino arrogante que poucas pessoas gostam. Foda-se. Enfim. As notas estavam muito bem distribuídas no tempo formando um quadro harmônico que se sincopava com a psicodelia do filme antigo. Eu respirei o ar e com ele toda a naturalidade que só muito álcool é capaz de trazer. Papo bom pra porra com as amigas. Elas