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Antigamente, eu realmente acreditava que a vida era um programa de TV e que tudo não passava de uma novela que acabaria assim que eu morresse. Antigamente eu acreditava que eu era o protagonista de uma coisa que outras pessoas haviam criado na minha cabeça, uma vida que não me pertencia totalmente, e quando eu descobri que eu sentia atração por garotos eu também descobri que eu não me sentia mais esse protagonista que o mundo havia inventando em mim, eu comecei a pensar que um gay não poderia ser protagonista de uma vida, se até numa série de TV ele era o figurante. A verdade é que não há escolha em ser o que se é mas eu nunca saberia disso sem viver aquela situação. Eu não tinha feito nada de errado mas só por saber apenas eu, sobre mim, já me sentia inferior a tudo e a todos. Nunca cogitei sequer viver uma falsa realidade e eu admito que meu grande erro que talvez ainda persista é o do egoísmo altruísta, aquele de se importar com a opinião alheia de uma forma aterrorizante, mas não deixando de se importar comigo. Uma guerra de interesses que de nada adiantarão.
Eu me cobri de tantas respostas para perguntas acusadoras, respostas que eu nunca usei já que nunca precisei, acho que o mais difícil em me aceitar foi ter certeza de que os que realmente me importavam me aceitavam, e no final eu percebi que nem se tratava de aceitar ou não e sim de conhecer, porque quem conhece sabe, e hoje eu me conheço, eu ofereço isso.
Descobri um protagonista diferente, daqueles que mudam radicalmente os padrões antigos, e junto disso conheci outros protagonistas vivendo os mesmos dramas, temporada por temporada, algo que eu nunca imaginei, tantas pessoas unidas ali, e por uma única vez na vida, não me sentir único me fez me sentir especial e me ensinou a amar do jeito que eu quiser sendo quem eu sou, bem assim.