Racsimo Cient Fico

21104 palavras 85 páginas
Afro-Ásia
Universidade Federal da Bahia afroasia@ufba.br ISSN (Versión impresa): 0002-0591
BRASIL

2000
Renato da Silveira
OS SELVAGENS E A MASSA PAPEL DO RACISMO CIENTÍFICO NA MONTAGEM
DA HEGEMONIA OCIDENTAL
Afro-Ásia, número 023
Universidade Federal da Bahia
Bahía, Brasil pp. 87-144

Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal
Universidad Autónoma del Estado de México http://redalyc.uaemex.mx OS SELVAGENS E A MASSA
PAPEL DO RACISMO CIENTÍFICO NA MONTAGEM
DA HEGEMONIA OCIDENTAL
*

Renato da Silveira

Quando trata de raciocinar sobre a natureza humana, o verdadeiro filósofo não é nem indiano, nem tártaro, nem de Genebra, nem de Paris, ele é simplesmente homem.
Jean-Jacques Rousseau

A

pós a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em
1948, e ainda sob o impacto da brutalidade nazista, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o mundo que desqualificaram as doutrinas racistas e demonstraram a unidade do gênero humano. Desde então, a grande maioria dos próprios cientistas europeus reconheceu o caráter discriminatório da pretensa superioridade racial do homem branco e condenou as aberrações cometidas em seu nome. O historiador francês
Marc Ferro, por exemplo, avalia que, nem que seja “por uma exigência última de orgulho, a memória histórica européia atribuiu-se um derradeiro privilégio, o de denegrir suas próprias atrocidades, de avaliá-las ela mesma, com uma intransigência excepcional”.1 É verdade, mas, como nem tudo são flores, a partir do início da década de 70 tivemos o previsível ressurgimento das velhas doutrinas científicas racistas, agora com novas roupagens. O racismo passou, desde então, a aparecer furtivamente, ora sob um modo aparentemente defensivo e legal, o “direito à diferença” (grupos da “nova direita” francesa, GRECE e “Clube do
* Doutor em Antropologia pela EHESS (Paris), professor da Faculdade de Comunicação da UFBA.
1
Marc Ferro, História das colonizações - Das conquistas às independências -

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