Quine e a distinção de re

576 palavras 3 páginas
Quine (em 1956) acreditava que a interpretação de re da frase (1)
(1) João acredita que alguém é espião. implica contradição. A interpretação de re de (1) pode ser formulada assim:
(2) Alguém é tal que João acredita que ele é um espião.
[Existe um x(João acredita que x é um espião)]
A frase (2) diz de um determinado indivíduo que ele tem a propriedade de ser considerado espião por João. A interpretação de dicto pode ser formulada assim:
(3) João acredita que há espiões.
[João acredita que existe umx(x é um espião)]

A frase (3) não diz de um determinado indivíduo que ele tem a propriedade de considerado espião por João. Intuitivamente, perece correto afirmar que (3) pode ser verdadeira e (2) falsa. Se o indivíduo em questão for Pedro, João pode acreditar que há espiões e não acreditar que Pedro seja um espião. De acordo com a interpretação padrão dos quantificadores, a interpretação objetual, a frase (2) requer que a frase aberta “João acredita que x é um espião” seja verdadeira de um indivíduo, independentemente do modo como esse indivíduo é designado. Quine acreditou que isso não é possível. Suponhamos que João saiba que Pedro é o prefeito da cidade e acredite que o prefeito da cidade não seja espião. Agora suponhamos que Pedro esteja próximo de João, no escuro, de tal forma que João não saiba quem está lá e suspeite que se trata de um espião. Nesse caso, a frase (4)
(4) João acredita que ele [apontando para o homem no escuro] é um espião. é verdadeira e a frase (5)
(5) João acredita que o prefeito é um espião. é falsa. Mas, se isso é o caso, então é porque em (4) Pedro é designado por meio de “ele [apontando para o homem no escuro]” e em (5) ele é designado por “o prefeito”. Logo, a frase aberta “João acredita que x é um espião” não é verdadeira de Pedro independentemente do modo como Pedro é designado por João. Ela é verdadeira quando o argumento é “ele [apontando para o homem no escuro]”, mas é falsa quando o argumento é “o prefeito”. Portanto,

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