qual a cara da justiça

QUAL A CARA DA JUSTIÇA?

Nunca pensei que pudesse conhecer tantas faces da justiça longe das normas e das memórias do direito, eis que numa só tarde vi tantas justiças e injustiças quanto as leis jamais poderiam enumerar.
Vi uma justiça de rua, um direito achado em vias públicas e que nelas mesmo reside, se instala, floresce.
Achei direito sobre coisas que jamais, poderiam pertencer aos enlaces jurídicos, mas que se obtidos fazem jus ao titulo de coisa julgada.
Presenciei uma inteligência errônea de leis, direito e justiça, mas só depois percebi que meus ouvidos tão judicializados, estavam impedindo meus olhos do entendimento real e humano que trazem os fatos.
Ouvi falar sobre família, sobre trabalho, sobre a rua e até mesmo sobre o direito, quem diria.
Não pude me abster do sentimento de fascínio que me tomou ante tantas e diferentes concepções de um só tema.
Eu mesma não sabia, há duas semanas, que as ruas são um verdadeiro lar para os nelas residem e instrumentos de trabalho para os que nela laboram.
Muitas vezes as ruas não são o fim, mas o meio.
Há vias que ganham nomes próprios e que passam a se caracterizar pelo rosto daqueles que delas fazem usufruto.
Por um instante, cheguei a pensar que se os bens públicos não fossem indisponíveis as vielas do Recife já haviam sido usucapido em favor dessas novas faces que conheci.
Não há de se falar em Lei Maior ou Menor, leis de rua são apenas leis e ponto.
Cada qual tem seu espaço, seu quinhão de piche, e ele é respeitado pelo outro e cuidado pelo dono.
Conclui, ao final de mais de dez abordagens e depois de oito questionários, que os verdadeiros usuários de vias públicas são esses mesmos que vendem desde fruta até chips de celular, que limpam carro, que mendigam um pão.
A esses, as ruas são a única parte que lhes cabe desse imenso latifúndio chamado Brasil.

Bianca Caetano

“A primeira igualdade, é a justiça.”
(Victor Hugo)

“Quem comete uma injustiça é sempre mais