Psocologia 2
CEMOrOC-Feusp / Núcleo Humanidades-ESDC / Univ. Autónoma de Barcelona -2007
Crátilo e a Origem dos Nomes1
Mary Julia Martins Dietzsch
FEUSP
mdietzsc@usp.br
RESUMO
O texto apresenta uma discussão a respeito do diálogo platônico: Crátilo: sobre a justeza dos nomes. Nesse diálogo, Sócrates discute com Hermógenes e Crátilo a respeito da origem dos nomes. Se para o primeiro, o nome é o resultado de uma convenção, para Crátilo, os nomes fazem parte da natureza dos objetos. Reflete-se nas falas dos dois contendores, guiados por Sócrates, o interesse filosófico dos gregos pela linguagem que se perguntavam se seria o nome resultado de uma convenção, ou um produto da natureza. Sem apresentar uma resposta definitiva para a questão, a discussão que se encaminha no diálogo a respeito da linguagem e do conhecimento responde por sua importância e atualidade, como entendem estudiosos do tema.
Palavras chave: origem dos nomes, linguagem, antigüidade grega
A literatura é a exploração do nome: Proust fez sair todo um mundo desses poucos sons: Guermantes. No fundo, o escritor tem sempre em si a crença de que os signos não são arbitrários e que o nome é uma propriedade natural da coisa: os escritores estão ao lado de Cratilo, não de
Hermógenes.
Roland Barthes, 1970
De onde a pujança e o encantamento da palavra se perguntavam os gregos. Efeito de leis humanas? Prodígio da natureza? Os gregos tinham um interesse filosófico pela linguagem e raciocinavam sobre sua condição original. Durante séculos, desde os présocráticos até o renascimento aristotélico, as discussões a respeito da linguagem eram perpassadas pelo questionamento entre natural e convenção. Ser natural significava ter origens em princípios eternos e imutáveis fora do próprio homem, e por isso invioláveis.
Por convencional entendia-se o que resultava do costume e da tradição, advindos de algum acordo tácito, ou de um contrato social, praticado por