Psicologia

Caracterize funcionalmente a Visual Word Form Area. Discuta a hipótese de reciclagem neuronal de S. Dehaene no que à leitura diz respeito. Que previsão faz esta hipótese sobre as características dos sistemas de escrita e o processamento da simetria?
A aquisição da leitura levanta questões pertinentes para o campo da psicologia e das neurociências cognitivas.
Os primeiros passos no processo de leitura de uma palavra impressa pertencem ao domínio da percepção de objetos visuais.
Aprender a ler aumenta as respostas de áreas visuais do córtex não apenas de uma região especializada para a forma escrita das letras (Visual Word Form Area, em português área visual da forma da palavra) mas também nas regiões visuais primárias. Da mesma forma, aumenta as respostas na linguagem falada no córtex auditivo, no chamado planum temporale (Dehaene et. al., 2002). Esta última, encontra-se por sua vez envolvida na codificação dos fonemas (os menores elementos constitutivos da linguagem falada).
Investigações anteriores revelaram que no caso particular dos analfabetos existem problemas no que respeita à manipulação da linguagem ao nível do fonema, levando à concepção de que o processo de alfabetização seria o principal responsável pelo refinar do código fonético desta última região.
Tais resultados podem ser transpostos para a situação de dislexia. O cérebro disléxico apresenta um conjunto desorganizado de circuitos no lobo temporal esquerdo que aparenta ser a causa da falha que crianças com esta condição apresentam em aprender a interconectar o reconhecimento visual das letras com os sons da fala. Assim, a área visual da forma da palavra não se desenvolve na velocidade dita normal, e a sua leitura dá-se letra por letra, numa idade em que a leitura paralela já está estabelecida em leitores normais.
Em suma, a leitura por um lado induz uma comunicação entre as redes escrita e falada e por outro lado, a audição de uma palavra falada nos letrados activa automaticamente o seu