Psicologia Aristotele
Intróito à psicologia aristotélica:
O intelecto agente – passagem da physis à metafísica
Autor: Sávio Laet de Barros Campos.
Bacharel-Licenciado em Filosofia
Universidade Federal de Mato Grosso.
Pela
1. Introdução
Neste artigo tencionamos tratar da psicologia aristotélica, consignada no Sobre a
Alma (De Anima). Não temos a intenção, porém, de fazer uma análise exaustiva da obra, nem sequer de esclarecer todas as aporias que ela deveras desperta. Na verdade, o que desejamos destacar é tão-somente a natureza e a função do intelecto atual na psicologia do Filósofo. Sem embargo, na nossa concepção, para além das aporias que a doutrina do intelecto atual suscitou ao longo dos séculos entre os comentadores de Aristóteles, é possível acentuar certos tópicos que se apresentam de forma clara e precisa nos textos do Estagirita. Dentre estes “tópicos”, um que parece consolidado é o de que o intelecto atual, e, de certo modo, a própria alma racional como um todo, não possuem a mesma origem da alma sensitiva e da alma nutritiva, pois não se reduzem à matéria; não podem provir da matéria, porque não estão imersas nela nem sequer em potência, pois possuem uma operação que a transcende de todo.
Agora bem, sabemos que Aristóteles não desvincula o estudo da physis do estudo da alma. De fato, se o estudo da physis é o estudo do universo, o estudo acerca da alma faz parte daqueles escritos que contemplam os seres que habitam este universo: os inanimados, os animados desprovidos de razão e os animados dotados de razão (o homem). Para os seres animados o Estagirita dedica uma série de tratados. Ora, merece particular atenção o Sobre a
Alma, tanto pela sua originalidade, quanto pela sua profundidade e rigor demonstrativo. Nele
Aristóteles privilegia os animais dotados de razão, isto é, os homens. E sobre o homem, especula, mormente, acerca da natureza da sua alma, que é o princípio interno que lhe dá a vida e preside todas as suas operações. Agora bem, o cume do tratado, segundo