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O Concílio Vaticano II

O contexto do Concílio Vaticano II remete-nos à suspensão do Concílio Vaticano, em 1870, e a aprovação das prerrogativas papais do primado e da infalibilidade que pareciam fechar o caminho para convocações de novos concílios. A Igreja assumira uma posição defensiva perante a democracia e as instituições parlamentares, fechando-se na autoridade romana nas questões eclesiásticas. Os grandes conflitos mundiais do início do século XX levaram as Igrejas da Reforma e as Igrejas Ortodoxas a constituir o Conselho Ecumênico das Igrejas. A Igreja Católica, por sua vez, frente à afirmação do marxismo anticristão, acentuou o seu fechamento numa hierarquia exacerbada e num imobilismo doutrinário. No entanto, nos anos trinta, em muitas áreas católicas surgem movimentos favoráveis à renovação, promovendo uma novidade da experiência cristã nas áreas pastoral, espiritual, teológica e eclesial.
Em 25 de janeiro de 1959, ao concluir a semana de preces pela união dos cristãos, o papa João XXIII anunciou a sua decisão de convocar um novo concílio, para a surpresa de muitos. João XXIII, eleito há três meses para um pontificado de transição, tomou sozinho a decisão, tendo-a comunicado antes somente ao secretário de Estado. O catolicismo e as demais Igrejas cristãs logo viram, nesse anúncio, a chance de realizar a tão esperada renovação, a abertura ao ecumenismo e à sociedade moderna. O Papa deixou clara a sua determinação de convocar o concílio com o objetivo de renovação, contando com a participação de todos os âmbitos cristãos, desde cardeais até não-católicos. O anúncio do papa repercutiu. O desejo de renovação foi de encontro com as esperanças dos povos que viviam sob o clima de guerra fria.
O Concílio Vaticano II contou com um período antepreparatório, entre os anos 1959 e 1960. Em 17 de maio de 1959, João XXIII constituiu uma comissão que presidiria essa etapa. A função dessa comissão era recolher opiniões e sugestões dos bispos, das universidades e