Preconceito longuísitco

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2.3. Conceito de certo e errado

A questão de certo e errado é muito mais simples do que se pensa, afirma Bagno (id, p. 124), porque se trata apenas de saber qual forma de fala usar, analisando as peculiaridades do conjunto de comunicação, ou seja, adaptar o registro de díspares circunstâncias de comunicação. É preciso saber ordenar de maneira satisfatória o que dizer e como fazê-lo, levando em consideração a quem é destinado o discurso e porque se diz determinado fato.

Frases como “Nós pega o peixe”, “os menino pega o peixe”, “Mas eu posso falar os livro” e outras que transgridem a norma culta, publicadas no livro Por uma Vida Melhor, aprovado pelo PNLD e distribuído em escolas da rede pública pelo MEC, causaram a indignação de jornalistas, professores de língua portuguesa e membros da Academia Brasileira de Letras.

O grande incômodo relacionado ao fato do livro relativizar o uso da norma culta, substituindo a concepção de “certo e errado” por “adequado e inadequado”, retrata a incompreensão da imprensa e população em relação ao escopo de atuação de pesquisadores que se ocupam em compreender e analisar os usos situados da linguagem.

A polêmica em torno deste relativismo, assim como a interpretação deturpada de pesquisas na área da linguagem, não são novas. Em novembro de 2001, na reportagem de capa da Revista Veja intitulada “Falar e escrever bem, eis a questão”, Pasquale Cipro Neto dirigiu-se ofensivamente a pesquisadores da área de linguagem que defendem a integração de outras variedades no ensino de língua portuguesa como uma corrente relativista e esquerdistas de meia pataca, idealizadores de “tudo o que é popular – inclusive a ignorância, como se ela fosse atributo, e não problema, do “povo” (Fonte, Veja Online, consultada em 03.04.2012).

Muitos pais e professores ainda aceitam o conceito de que apenas em Portugal se fala bem o português, mas isso não é aceito pelos lingüistas, pois apesar de terem uma origem comum, os dois países estão

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