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279 palavras 2 páginas
Poema : " O Menino da sua Mae "

No plaino abandonado

Que a morna brisa aquece,

De balas trespassado-

Duas, de lado a lado-,

Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.

De braços estendidos,

Alvo, louro, exangue,

Fita com olhar langue

E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!

(agora que idade tem?)

Filho unico, a mãe lhe dera

Um nome e o mantivera:

«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira

A cigarreira breve.

Dera-lhe a mãe. Está inteira

E boa a cigarreira.

Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada

Ponta a roçar o solo,

A brancura embainhada

De um lenço… deu-lho a criada

Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:

“Que volte cedo, e bem!”

(Malhas que o Império tece!)

Jaz morto e apodrece

O menino da sua mãe

Poema : " O Pastor Amoroso "

O Pastor Amoroso perdeu o cajado,

E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,

E de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe pira tocar.

Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.


Nunca mais encontrou o cajado.

Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.

Ninguém o tinha amado, afinal.


Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:

Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,

As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,

A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem, estão presentes.

(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco nos pulmões)

E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.

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