Portugal contemporâneo - salazar
Perante a questão apresentada considero pertinente explicitar, antes de mais, o que se entende por Estado Novo, proceder ao seu enquadramento temporal e respectiva génese. Estado Novo é o nome do regime político autoritário e corporativista que vigorou em Portugal durante 41 anos sem interrupção, desde 1933, com a aprovação de uma nova Constituição até à Revolução de Abril de 1974. Ao Estado Novo alguns historiadores também chamam "II República", embora tal designação jamais tenha sido assumida pelo próprio regime. A designação oficiosa "Estado Novo", criada sobretudo por razões ideológicas e propagandísticas, quis assinalar a entrada numa nova era, aberta pela Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926, encerrando o período do liberalismo em Portugal. Como regime político, o Estado Novo foi também chamado salazarismo, em referência a António de Oliveira Salazar, seu fundador e líder, homem, que sob a égide de cinco grandes valores e princípios - Deus, Pátria, Autoridade, Família e Trabalho[1], fez assentar a sua teoria e acção políticas e com os quais tentou impregnar o quotidiano mental dos portugueses. O seu objectivo era proceder a uma verdadeira “revolução mental e moral” que pusesse cobro à decadência das crises dirigentes e restituísse à Nação fé e confiança nos seus destinos, centrando toda a sua teoria e acção políticas num conjunto bem delimitado e coerente de valores absolutos, aos quais tudo subordinava. Partilhando a visão pessimista de grande parte da intelectualidade portuguesa do período republicano sobre a decadência e o fracasso do escol dirigente do País, atribuía-os a uma espécie de perversão mental e moral que mergulhava a Nação na “apagada e vil tristeza” do poeta. Porventura poder-se-á encarar este pessimismo dentro de um contexto externo ao país marcado pela grande depressão da guerra civil espanhola e pelas tensões europeias pré