POESIA

OPIÁRIO (Decadentista)

“E afinal o que quero é fé, é calma,
E não ter estas sensações confusas.
Deus que acabe com isto! Abra as eclusas —
E basta de comédias na minh'alma!”

Desânimo, abatimento, mostra-se amargurado, falta de direção à vida.

“Perdi os dias que já aproveitara.
Trabalhei para ter só o cansaço
Que é hoje em mim uma espécie de braço
Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.”

Expressa cansaço, tédio.

“A vida a bordo é uma coisa triste,
Embora a gente se divirta às vezes.
Falo com alemães, suecos e ingleses
E a minha mágoa de viver persiste.”

Exprime tédio e traduz a falta de sentido à vida.

“É antes do ópio que a minh'alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.”

Necessidade de buscar novas sensações para a vida, no caso o ópio.

Mostra-se decadente, degradado.

ODE TRIUNFAL (Futurista/sensacionista)

“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.”

Admiração pelas invenções do período moderno.

“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! “

Exaltação ao progresso técnico, às máquinas.

“Como eu vos amo a todos, a todos, a todos,
Como eu vos amo de todas as maneiras,
Com os olhos e com os ouvidos e com o olfacto
E com o tacto (o que palpar-vos representa para mim!)
E com a inteligência como uma antena que fazeis vibrar!
Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós!”

Característica sensacionista, viver as sensações em excesso.

“Eu podia morrer triturado por um motor
Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.
Atirem-me para dentro das fornalhas!
Metam-me debaixo dos comboios!
Espanquem-me a bordo de navios!
Masoquismo através de maquinismos!
Sadismo de não sei quê moderno e eu e barulho!”

Masoquismo