poema

1151 palavras 5 páginas
XXVIII, de Alberto Caeiro (pág. 40 do manual)
Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico
E ri como quem tem chorado muito.

Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.

Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.

Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.

É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.

Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si proprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.

Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.
Análise Interna:
Neste poema um dos temas presentes é a recusa à metafísica, muito comum em Alberto Caeiro. Ele fala dos poetas místicos, que pensam sobre tudo o que vêem. Para ele a Natureza é para ser sentida apenas pelas sensações (sensacionismo), como a visão e não para ser “mistificada”. Para Alberto Caeiro estes são poetas falsos, pois para ele ao pensarmos, entramos num mundo incerto e não na descrição da realidade como ela é.
Analisemos agora estrofe a estrofe.
Na primeira estrofe, o sujeito poético começa por dizer que leu «quase duas páginas do livro dum poeta místico». Apercebemo-nos logo que é um livro que ele não gosta ou que lhe custa a ler, pois leu apenas quase duas páginas. Estamos, também, presente uma pessoa com baixa instrução, que normalmente indica uma pessoa que não tem hábitos de leitura, por isso lê poucos livros e pouco de cada vez. Quando fala «dum poeta místico» estamos perante uma metáfora, em

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