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O CONCEITO DE JUSTIÇA NA REPÚBLICA DE PLATÃO

Trataremos nesse artigo sobre o conceito de justiça na República, como ele surge no diálogo, quais os diversos sentidos dados a ele, suas implicações e, finalmente, quais os tipos de dificuldades de se chegar a um acordo sobre o conceito de justiça que possa orientar o agir humano.
O conceito de justiça, como pretendemos abordar, leva em conta a condição de ser Platão um pensador situado na e comprometido com o destino de sua cidade e com o mundo grego, no século IV a.C. e que procura responder a questões colocadas por outros pensadores que o precederam no tempo ou que viveram em sua mesma época e, ainda, a outras questões brotadas de sua própria experiência e da sua atividade na Academia.
Os limites antropológicos do conceito de justiça
No Livro I, Platão coloca em discussão conceitos de justiça. Sócrates, personagem principal do diálogo narrado, analisa diversas propostas pretendentes à definição de justiça e não encerra a discussão com uma resposta que satisfizesse a pergunta “o que é justiça?”.
Antes de entrarmos propriamente no tema em questão, algumas considerações ainda, sobre a relação entre o Livro I e os demais.
Discute-se se o Livro I é ou não separado dos outros nove que compõem a República, alguns autores afirmam que ele forma
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uma unidade em si mesmo e que teria o título de “Trasímaco”1. Essa discussão se baseia na semelhança de estilo com os diálogos socráticos, e que teria sido escrito antes da primeira viagem de Platão à
Sicília. Para o nosso estudo, no livro I encontram-se os elementos sobre os quais Platão desenvolve o seu conceito de justiça nos livros
II, III e IV. Portanto, trata-se, o Livro I, de uma introdução da República, em seu conjunto, no qual são examinadas as concepções de justiça que serviam a Atenas clássica. Pelo contraste do estilo em relação aos demais livros, conclui-se que há, de fato, mudança de método argumentativo, como se fosse o início, a