Pesquisa sobre a educação na china
Contraste entre escola brasileira e uma chinesa é gritante
A primeira coisa que chama a atenção nas aulas é a disciplina. Para um ocidental, e ainda mais brasileiro, parece até exagerada. O EXEMPLO ASIÁTICO - A China mostra que a ideia de que não pode haver educação de alto nível em cenário de pobreza é balela. No último Pisa, a província chinesa de Xangai, que tem nível de renda per capita muito parecido com o brasileiro, deu um show (Philippe Lopez/AFP)
Capítulo 2 – A Escola
Fui para a China em outubro, já esperando ver escolas diferentes da realidade brasileira, por tudo o que havia lido a respeito e pelo próprio resultado do PISA. Em dez dias de viagem – dois dias em Pequim, uma semana em Xangai e um dia e meio em Shenzhen, todas na região leste (a mais desenvolvida) do país – visitei cinco escolas (mais duas escolas técnicas e três universidades, sobre as quais escrevo nas páginas a seguir). Mas mesmo todo o preparo não foi suficiente para, de início, afastar a impressão de que tudo aquilo que eu estava vendo era uma farsa, uma campanha de propaganda cuidadosamente elaborada pelo governo chinês para iludir esse forasteiro. Foi só depois de conseguir visitar escola sem o conhecimento ou consentimento do governo, de checar os rankings das escolas visitadas e de falar com uma série de alunos e ex-alunos chineses que me convenci de que o que estava vendo era uma boa representação da realidade. Se não de toda a China – porque o Oeste do país é profundamente mais atrasado que o leste, e em muitas províncias a situação é de pobreza extrema – pelo menos naquilo que ocorre nas três províncias que visitei. O contraste com uma escola brasileira é gritante.
A primeira diferença é do espaço físico, especialmente da limpeza e do cuidado. A maioria das escolas que visitei não tinha nada muito sofisticado ou diferente, mas também não tinham nada fora do lugar ou improvisado. Os pisos das escolas eram imaculadamente limpos, e em duas ocasiões