PESQUISA SOBRE OS JESUITAS
Despojados ou argentários? Escravocratas ou liberais? Libertinos ou libertários? Santos ou santarrões? Passados cinco séculos, o papel desempenhado pelos Jesuítas no Brasil colônia permanece imerso em controvérsias. De 1549 quando desembarcaram na Bahia, até 1759 quando, pelas artimanhas do marquês de Pombal, foram expulsos de Portugal e de suas colônias, os jesuítas se revelaram uma das forças mais ativas na conquista e colonização do Brasil. Sem eles, a empresa colonial teria outros rumos e outros destinos quais, é difícil supor. Julgar o conjunto da obra jesuítica à luz de conceitos atuais, porém é incorrer num erro tão gritante quanto o dos próprios padres quinhentistas em sua pretensão de avaliar a mentalidade e os costumes indígenas de acordo com as crenças e os dogmas da Europa dos fins do século XVI – uma época marcada pela intolerância religiosa, pelo etnocentrismo e, acima de tudo, pela Contra-Reforma.
Desde o início, a polêmica esteve no âmago da nação jesuíta, já que embora antagônico em tese, catequese e colonialismo andaram sempre juntos. Os jesuítas lutaram contra a escravização que puseram em prática e a conseqüente concentração dos índios em aldeamentos ou missões –“ não apenas resultou em tragédia, em razão dos graves surtos de doenças infecciosas, como facilitou a ação dos escravagistas. Os próprios jesuítas, o padre Nóbrega, à frente tinham escravos e acreditavam na doutrina aristotélica da servidão natural dos povos inferiores”. Para defender os nativos, estimularam o tráfico de africanos. Mas quando a paz que tinham firmado com o Tamoio foi rompido pelos portugueses, os padres nada fizeram.
Os jesuítas se empenharam em submeter os indígenas aos rigores do trabalho metódico, aos horários rígidos ao latim e à monogamia. Combateram a antropologia, a poligamia e o nomadismo e, assim, acabaram sendo responsáveis pela destruturação cultural que empurrou para a