Pesquisa científica e chá de boldo
A busca por novos conhecimentos gerou, também, a curiosidade pela forma como esses conhecimentos ocorrem. Isso daria às descobertas uma veracidade a partir do grupo a que esses conhecimentos fossem pertencer. Os dados “cientificamente” corretos adquiriram caráter de verdade, mesmo que à grande maioria, a forma como foram conseguidos não fosse relevante. Assim, a titulação de científico trouxe um poder a tudo ligado a ela. O que Deus explicava e fazia, agora precisava de uma ratificação. A pesquisa científica, então, buscava respostas e leis (divinas ou não desde que racionais). A emergente ciência queria abranger um campo imensurável. Do palpável ao transcendente, tudo seria objeto de estudo. A Revolução Copernicana vai além do sol. O homem vira o centro e determina as nominações e funções. De outro lado, esse homem vira produto dele mesmo quando, unindo-se, socialmente é o alvo de si. As sociedades imperialistas tornam-se des-envolidas. Mais que uma pesquisa científica, surge uma tecnologia científica, que dá novos rumos ao simples ato de pesquisar. Do prazer da descoberta, temos a descoberta em ação – o produto, que também é objeto de consumo. E aí podemos questionar sobre a real contribuição da pesquisa científica.
Falar em contribuição requer uma reflexão sobre o próprio conceito de contribuição. Em um momento em que os valores passam por uma reformulação, medir a ação boa ou ruim da ciência na vida humana tende a ser ampla. Se tomarmos as noções frankfurtianas de indústria cultural e razão instrumental, já teremos problemas. O posicionamento que se tem em relação ao que pode ser melhorado passa pelo crivo de várias interpretações.
A ciência veio sendo construída a partir de mudanças na mentalidade. Racionalmente, as explicações poderiam ser feitas sem que delas se tivesse certeza empírica. Menos mal. Foi assim com a existência cartesiana de Deus. Foi assim com a existência do ser. Entretanto, não há definições,