Para uma poética de Oswald de Andrade

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Segundo Lúcia Helena, em seu livro “Uma literatura antropofágica”, a literatura brasileira pode ser dividida em duas matrizes principais: a do bom gosto e do bom senso e a do muito riso e pouco siso. Esta última seria caracterizada pelo aspecto carnavalizante, “em que se manifesta um estilo ‘dionisíaco’, contestador, cuja marca principal é a crítica da cultura dominante realizada por um acervo de gestos marginais, dentre eles o veio popularizante do riso aberto e desabrido que destroniza o poder.” Essa linha a que a autora chama antropofágica, amplia o termo oswaldiano para toda uma linhagem da literatura nacional, que segundo ela, começaria por Gregório de Matos, passando por Augusto dos Anjos, até ser concretamente tomada por Oswald de Andrade. Este promove um intercâmbio entre a literatura e as artes primordialmente iconográficas, num dizer não-linear. Assim se estabelece um diálogo entre a floresta (que simboliza as fontes legítimas da cultura brasileira) e a escola (que seria o influxo das tendências vanguardistas universais, tais como a fragmentação proposta pelo simbolismo, que se libera duma estrutura dominada pela logicidade). Dessa relação ocorre a incorporação do subconsciente, o movimento veloz e a fragmentação narrativa. O modernismo estabelece a autonomia do fazer poético, o direito à pesquisa e é uma ruptura inegável com as técnicas utilizadas até então pela Inteligência nacional, como a linearidade, a discursividade e a logicidade estética.
A Primeira Guerra Mundial impulsionou a economia nacional, constituiu seu mercado interno, ou seja, criou, em nossa conjuntura a prioridade deste consumo, no lugar do antigo sistema, baseado na produção. Esta nova dinâmica comercial, juntamente com a abolição da escravatura, a imigração européia, e as novas tecnologias de transporte e comunicação, fizeram germinar uma nova economia.
Esses processos repercutiram em forma de conflito na linguagem, seja em seu nível de infra-estrutura produtiva, sujeita aos

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