Pós-modernismo versus racionalismo: o debate pós-positivista

3558 palavras 15 páginas
5. Pós-modernismo versus racionalismo: o debate pós-positivista
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[As] genealogias não são portanto retornos positivistas a uma forma de ciência mais atenta ou mais exacta, mas anti-ciências. […] Trata-se da insurreição dos saberes não tanto contra os conteúdos, os métodos e os conceitos de uma ciência, mas de uma insurreição dos saberes antes de tudo contra os efeitos de poder centralizadores que estão ligados à instituição e ao funcionamento de um discurso científico organizado no interior de uma sociedade como a nossa.

Michel Foucault1

Antes de mais, é necessário efectuar uma precisão terminológica e clarificar o conteúdo deste capítulo. O que normalmente é designado por abordagens pós-positivistas abrange um leque muito amplo e heterogéneo de autores, de ideias e de discursos, tais como os chamados estudos críticos, os pós-modernistas ou pós-estruturalistas, as feministas, os construtivistas2 etc., pelo que, por simplificação, apenas vamos fazer incidir a nossa análise sobre duas das correntes que pretendem ter um impacto mais profundo sobre a tradicional abordagem racionalista das RI, de cariz mais ou menos empiricista-positivista. Essas correntes são os os estudos críticos e o chamado pós-modernismo ou pós-estruturalismo.
1

Foucault (1977: 171).
O termo «construtivismo» foi introduzido na literatura das RI por Nicholas Onuf (1989), tendo, desde então, vindo a ganhar um peso progressivo nos seus conteúdos. O construtivismo assenta no pressuposto de que o objecto de estudo da disciplina – as relações internacionais – são uma «construção social», podendo assumir formas bastante diversificadas, tal como explica Alexander Wendt (1999 [2000]: 1): «In recent academic scholarship it has become commonplace to see international politics described as ´socially constructed´.
Drawing on a variety of social theories – critical theory, postmodernism, feminist theory,

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