Oswaldo cruz
Durante toda a narrativa procura-se explicar quais as razões para essa mitificação e a quem poderia interessar, demonstrando a existência de razões que ultrapassam os valores pessoais de Oswaldo Cruz e a estima de seus correligionários para o processo de idealização do homem, ocorridoa partir de sua morte. A morte de Oswaldo Cruz ameaçou o desejo dos médicos sanitaristas e dos cientistas do seu instituto de sedimentar a legitimidade e conquistar novos espaços no contexto social e político brasileiro. A difusão do mito, então, prefigurava como uma alternativa que permitiria a manutenção de seus propósitos. Ou seja, à medida que o mito se consolidasse isso beneficiaria o grupo a que estivesse associado, por atuar como representante dos valores partilhados pelo grupo como um todo.
A propagação do mito, como considerada acima, sugere a existência de coesão de toda uma categoria de profissionais em torno do cientista Oswaldo Cruz, mas é aí que se torna mais importante a discussão sobre as conformações da memória, pois, segundo Britto, e tomando numa perspectiva de Pierre Bourdieu a organização do espaço profissional, Oswaldo Cruz, em vida, não desfrutou do consenso na corporação de médicos, nem dos cientistas brasileiros, mas encontrava-se na disputa por conquistar notoriedade no campo científico. Partindo desse paradigma explicativo, os médicos não formavam um corpo