Os vira-latas - jornalismo em verso e prosa
Por Thiago Bandeira e Ricardo Rodrigues
PARTE I - BR-116, A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA
Meu colo é do primeiro cão que pedir, seja acenando com a cabeça ou levantando-se em duas patas.
Meu colo é do primeiro cão que pedir, pois não quero que ninguém se esqueça de que também sou um viralata.
CAPÍTULO I
ABREM-SE AS PORTAS DO CANIL
Pouco importa o lugar de partida, menos ainda o destino esperado. O que vale nessas horas é o percurso, o caminho que se faz saindo de qualquer lugar para chegar a lugar nenhum. Essa é a história que deve ser contada com detalhes e por todos aqueles que se fazem, nela, personagens. Essa é uma história que deve ser lida a muitos olhos e só pelos que aceitam embarcar na viagem, participando dos diálogos e entendendo os motivos de cada ação, cada pensamento; pra onde eles vão, se seu voo é muito lento... Tudo acaba quando é escrito e a salvação está nas páginas em branco. Não lamento preenchê-las com o golfo da minha caneta, mas para isso gasto tanto tempo, que estes são meus únicos talentos: sou homem de escrever livro a mão, moleque de declamar poemas e criança de fazer música e esquecer.
Há mal que seja bem
e bem que seja mal;
há mal que, sendo tal,
faz bem a quem também
É.
De onde vem toda essa vontade louca de beber o mundo petiscando o asfalto? Que controle tenho sobre isso? Bom... Já que consigo escrever no escuro, posso também caminhar. Mas que tolice! Isso não responde nada. Não entendo que força é essa, me puxando para várias direções. Temo ser feito em pedaços. O problema é que não escrevo porque gosto, mas porque preciso. Não conheço as normas gramaticais, mas morro se parar de escrever. Morreria também se não pudesse brincar de ser livre num mundo só meu, o único em que posso ter o que acredito ser liberdade, pois nesse mundo, no meu mundo, ninguém poderia violar a minha vontade mediante ao exercício da sua própria. Quero sentir a