Os outros em lacan
Antes de iniciar a prática de atendimento psicanalítico, foi proposto um estudo de temas importantes da teoria, em trabalhos de autores variados, onde cada novo supervisionando iria ler e apresentar uma determinada publicação específica, para revigorar nosso embasamento teórico, compreensão dos processos e confiança na atividade a ser exercida, a saber: Os Outros em Lacan (Quinet), A Descoberta do Inconsciente (Quinet), A Transferência (Maurano) e O Complexo de Édipo (Lacan), este último, apresentado por mim, por isso será o tema de maiores detalhes deste relatório.
O Outro é um tema fundamental para a linha lacaniana, pois sem ele, não há formação de um novo sujeito, tanto no sentido de sujeito humanizado, de linguagem, que se funda pelo significante inserido por esse “Grande” Outro, como no sentido de sustentação de sua existência, pois nos primeiros meses e anos de vida do bebê do homem há uma dependência real e absoluta da intervenção de alguém, um Outro, para que o infans não morra de frio, sede, fome, etc.
Em Os Outros em Lacan (Quinet, 2012), é feito assim uma distinção entre outro e (grande) Outro, grafado com letra maiúscula, onde o primeiro refere-se ao registro imaginário, como ser semelhante que pode estar presente ou ausente, e o segundo se refere ao registro simbólico, que constitui e funda o sujeito do inconsciente, que está sempre presente, aquele que possibilita o pacto da fala, que é também o Outro do amor, aquele a quem dirijo minha demanda (uma vez que toda demanda, como dizia Lacan, é de amor). O Outro, no entanto, é barrado, e se existe uma falta inscrita no Outro simbólico, do amor, é possível a emergência do desejo, enquanto aquilo que falta e nos move. O outro, com minúscula, que ocupa o lugar do Outro do amor, ao se tornar assim o objeto sexual, sendo reduzido ao chamado objeto a, causa de desejo, e explicita qual é o lugar desse objeto nas varias vertentes do sujeito, apontando também as possibilidades de posição