os maias - capitulo VI

Os Maias: Episódio do “Hotel Central”
O jantar no Hotel Central, integrado no capítulo VI, insere-se na acção principal e deste modo identifica-se como um episódio da crónica de costumes. Estes episódios, a par da história da família, funcionam como a caracterização da sociedade portuguesa. Assumem a forma de crítica e de sátira social, revelando os defeitos sociais que impedem que o progresso e a renovação das mentalidades. São apresentados como espelho dos elementos estruturadores da acção portuguesa e da forma de compreender e de estar no mundo daqueles que integram o país e que, afinal, se traduzem em falta de vista histórica e cultural, em ausência de espírito crítico, em apatia e ociosidade ou em importação de modas estrangeiras que não se adequam ao nosso perfil nacional, já para não falar do oportunismo decadente e medíocre que caracteriza os actos dos homens da nossa terra. Apesar de pertencer à crónica de costumes, este episódio está associado à acção principal, uma vez que proporciona o primeiro encontro de Mª Eduarda e Carlos (“Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita, deitando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar”). Esta parte é bastante semelhante à primeira vez que Pedro da Maia vê Maria Monforte. Em ambas as situações, as mulheres são apresentadas como Deusas que se destacam da restante sociedade. Além disso, existe sempre alguém para dar informações sobre as senhoras ao membro dos Maias que fica apaixonado (Alencar com Pedro e Dâmaso com Carlos). Todas estas “coincidências” podem funcionar como presságios de que a relação de último membro da família dos maias não irá terminar bem. Para reforçar esta ideia, quando Carlos vê pela primeira vez Maria Eduarda, é feita a referência a Guimarães (portador da notícia responsável pelo fim trágico do romance).
Este jantar tem como intervenientes João da Ega que é promotor da homenagem e