Os dois caminhos

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O QUADRO “DOIS CAMINHOS” – UMA ANÁLISE SEMIOLÓGICA DAS
MUTAÇÕES NO CONSUMO DE IMAGENS ICONOGRÁFICAS ENTRE
PROTESTANTES BRASILEIROS

Introdução
A iconoclastia se tornou, desde o século XVI, um traço distintivo da identidade protestante.
Por isso, nos tempos e lugares em que a conversão do catolicismo para o protestantismo era freqüente as cerimônias de “quebra de santos” eram momentos importantes, pois assinalavam a ruptura com a religião católica. O resultado foi que, nos séculos seguintes, os templos protestantes se tornaram espaços de adoração despojados de imagens, crucifixos, cores, luzes ou signos. Assim, eliminaram-se quaisquer coisas que indicassem as origens católicas do protestantismo e a maioria dos protestantes passaram a pensar ser essa a forma ideal de prestar a Deus um culto que não fosse “idólatra”, mas “racional”.
Essa fervorosa destruição de imagens não impediu, contudo, que a criatividade se manifestasse de outras formas, além da linguagem da teologia racional, e alcançasse a música e apenas levemente o campo da literatura. Dessa forma, o protestantismo ofereceu ao mundo verdadeiros gênios como Bethoven, Bach ou Handel e na literatura, um ou outro autor. Elter
Dias Maciel, porém, ressaltou a falta de fertilidade no meio protestante, no que se relaciona a produção artística.1 Porém, no campo da literatura ninguém chegou mais perto do grau de genialidade, do que um leigo pregador puritano, ex-soldado do exército de Cromwel, depois funileiro, John Bunyan (1628-1688), cuja obra foi duzentos anos depois inspiração para o autor e apreciadores da gravura aqui analisada.
O objeto das reflexões contidas neste texto é uma iconografia, que durante quase um século circulou nas igrejas protestantes brasileiras, sempre usada para fins de pregação e de educação religiosa dos novos convertidos e das crianças. Trata-se do quadro “Dois caminhos”, um

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exemplo raro da escassa iconografia protestante, que escapou aos controles

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