OS DESAFIOS DA GOVERNANÇA E AS RELAÇÕES DE PODER NA CAPITANIA DO RIO GRANDE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVII CARMEN MARGARIDA OLIVEIRA ALVEAL*

OS DESAFIOS DA GOVERNANÇA E AS RELAÇÕES DE PODER NA CAPITANIA
DO RIO GRANDE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVII
CARMEN MARGARIDA OLIVEIRA ALVEAL*
O século XVII, na Capitania do Rio Grande, foi bastante complicado para a gestação do campo político-administrativo. Quando do início do seu processo de ocupação por parte dos portugueses, com a construção da Fortaleza do Reis Magos, em 1599, e o início da distribuição de terras por meio do sistema sesmarial 1 , nos anos iniciais do seiscentos, o povoamento da capitania foi de certa forma interrompido pela invasão holandesa.2 Contudo, o próprio processo de ocupação foi lento, pelo temor que havia em relação aos indígenas, apesar de algumas alianças feitas. 3 Assim, o povoamento da região era dificultado tanto pelos conflitos com as populações indígenas quanto pelas invasões holandesas. Além disso, a própria região não atraía os colonizadores, que ainda preferiam permanecer nas capitanias de
Pernambuco, Itamaracá e Paraíba, perto de núcleos já estabelecidos.
Após a expulsão dos holandeses, em 1654, houve uma retomada do processo de colonização do Rio Grande por parte dos portugueses, principalmente para a atividade da pecuária. 4 Foi na segunda metade do século XVII que houve uma maior preocupação da
Coroa portuguesa em ocupar de forma mais efetiva, resultando nos primeiros conflitos entre aqueles portugueses ou luso-brasílicos e as populações indígenas que se encontravam na região, com o apoio de uma política deliberada do Reino em conquistar as regiões interioranas, mesmo que este fato levasse ao extermínio ou agregação dos grupos indígenas que se encontravam, à época, na área.5
*

Professora Adjunta do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
1
Sobre o sistema de sesmarias no império português, ver ALVEAL, 2007. Para uma breve análise das cartas de sesmarias no Rio Grande do Norte, ver LOPES, 2003: 57-60.
2
Evaldo Cabral