Olympus fraude
Companhia é acusada de rombo de mais de US$ 1 bi; FBI está investigando o caso e suas ações correm o risco de serem canceladas na Bolsa de Tóquio - o que pode ser pior?
São Paulo – Parecia uma queda comum de CEO, quando, no dia 14 de outubro, a Olympus comunicou a saída de Michael Woodford da presidência. Na ocasião, a companhia alegou que o executivo não respeitava a cultura organizacional da empresa, construída em 92 anos de história, e desrespeitava também uma premissa muito valorizada no Japão: a hierarquia.
Sabe-se que CEOs são demitidos todos os dias de pequenas ou grandes corporações - o movimento é considerado comum, desde que haja uma justificativa plausível para o fato.
Um detalhe, entretanto, no caso da Olympus, despertou a atenção do mercado, pois Woodford estava há apenas duas semanas no cargo, tempo muito curto para se chegar a uma decisão tão radical – a de despedi-lo –, como fez o conselho de administração da Olympus.
O mercado desconfiou, as ações começaram a despencar e, para piorar a situação, Woodford foi proibido de falar em nome da companhia e convidado a deixar o país. Alguma coisa estava errada. O executivo, então, decidiu esclarecer os fatos e o pesadelo da Olympus começou.
O caso
A verdade é que o Woodford havia proposto a abertura de um inquérito para investigar quatro aquisições feitas pela Olympus durante os anos de 2006 e 2008, que não faziam muito sentido para os negócios da companhia, além de envolverem valores exorbitantes. Woodford não pode contribuir com mais informações, pois foi afastado da empresa antes de conseguir descobrir outros detalhes.
Analistas e investidores, desconfiados com a história, começaram a fazer pressão para que a companhia explicasse as aquisições "sem fundamento". Neste meio tempo, as ações da Olympus já tinham desvalorizado quase 50% na bolsa de Tóquio e a companhia acumulado perdas de mais de 1,3 bilhão de dólares.